Mistério da fé! [23]


«Através dos Sacramentos da Iniciação Cristã, do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia, o ser humano recebe a vida nova em Cristo. Pois bem, todos nós sabemos que trazemos esta vida ‘em vasos de barro’ (2Coríntios 4, 7), ainda estamos submetidos à tentação, ao sofrimento, à morte e, por causa do pecado, até podemos perder a nova vida. Por isso, o Senhor Jesus quis que a Igreja continuasse a sua obra de salvação também a favor dos próprios membros, em particular com os Sacramentos da Reconciliação e da Unção dos Enfermos, que podem ser unidos sob o nome de ‘Sacramentos de Cura’» (Francisco, Audiência Geral de 19 de fevereiro de 2014). [Para ajudar a compreender melhor, ler: 2Coríntios 4, 6-11); Catecismo da Igreja Católica (CIC), números 1420 e 1421]

«Trazemos, porém, este tesouro em vasos de barro»

— escreve Paulo na Segunda Carta aos Coríntios. Com esta expressão, Paulo pretende transmitir a fragilidade do ser humano, mas também a força do Evangelho. «O barro — sabemo-lo muito bem — é um material muito frágil, além de não ser limpo e valer pouco. Não tem a qualidade do ouro ou dos outros materiais preciosos. Paulo sente-se um vaso de barro: sabe que é fraco, tem defeitos e limites humanos, mas sabe também que Deus depositou nas suas mãos um grande tesouro e o enviou a levar a todos a riqueza do Evangelho» (Fernando Armellini, «O banquete da Palavra. Ano B», Paulinas, Lisboa 1996, 287). Por isso, como sugere Paulo, as dificuldades e as limitações próprias da nossa condição humana, não podem ser um motivo para o desencorajamento; antes, podem (e devem) ser uma oportunidade para revelar a força que nos vem de Deus, através de Jesus Cristo. Força, essa, que reconhecemos presente na graça sacramental.

Sacramentos

«Os sacramentos são sinais, gestos instituídos, ao menos em gérmen, por Cristo, e entregues à Igreja que os desenvolveu ao longo dos tempos. São encontros marcados por Cristo na nossa vida. Encontros para as diversas realidades ou situações que o ser humano vive durante a vida, desde o nascimento até à morte» (José Ribólla, «Os Sacramentos trocados em miúdo», Editora Santuário, Aparecida 1990, 211). [Explicamos o significado do termo «sacramento» nos temas 6 e 7].

Cura

A vida humana está marcada pela sua própria fragilidade e por um conjunto de condicionalismos que a envolvem tanto do ponto de vista pessoal como comunitário (social). Por isso, embora os Sacramentos da Iniciação Cristã nos façam mergulhar na vida divina, temos, em determinados momentos da existência, necessidade de «recuperar» a graça que recebemos pelos Sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia. Do ponto de vista sacramental, a graça é-nos devolvida através dos Sacramentos de Cura, que são a Reconciliação (ou Penitência) e a Unção dos Doentes (ou Enfermos). Estes Sacramentos de Cura «socorrem a pessoa na sua fragilidade, na condição de pecado e na doença, atingindo-a com o poder curativo da graça divina na profundidade do coração e transformando as relações em que ela se exprime. Através destes sacramentos, o Senhor Jesus, verdadeiro médico celeste, continua, por intermédio da Igreja, a Sua obra de cura e de salvação. [...] A vida divina atinge e transforma o coração dos seres humanos na variedade das situações, em que se situa e desenvolve a sua existência. Por estes sacramentos, a eternidade monta as suas tendas na transitoriedade do tempo, e a história de Deus vem visitar e habitar o êxodo incessante da condição humana. O único e definitivo evento pascal do Crucificado Ressuscitado, em que se realizou, de uma vez por todas, a nossa reconciliação, atualiza-se no gesto da Igreja. E, assim, torna-se profundamente verdade que a graça faz-se história e a história participa da eternidade do Deus vivo. Se todos os sacramentos constituem a porta de entrada da eternidade no tempo e do tempo na eternidade (a ‘carne’ por que passa o Espírito), pode-se afirmar, em especial, que nos sacramentos da cura se manifesta, de maneira mais intensa e misericordiosa, a companhia do Deus vivo junto do ser humano, que se encontra mergulhado na complexidade e vergado ao peso do devir histórico» (Bruno Forte, «Introdução aos Sacramentos», Gráfica de Coimbra, Coimbra 1997, 99-101).

«Queridos amigos, não há força alguma ou poder capaz de deter o amor de Deus por vós. [...] Todavia, não há doença, fraqueza ou enfermidade que possam privar-vos da vossa dignidade de filhos de Deus, de irmãos e irmãs de Jesus Cristo» (João Paulo II, Discurso proferido a 28 de maio de 1982).






Reflexões semanais sobre a «fé celebrada» (liturgia e Sacramentos) — Laboratório da fé, 2014
Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 13.3.14 | Sem comentários
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