PREPARAR O DOMINGO SÉTIMO
23 DE FEVEREIRO DE 2014
Levítico 19, 1-2.17-18
O Senhor dirigiu-Se a Moisés nestes termos: «Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e diz-lhes: ‘Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo’. Não odiarás do íntimo do coração os teus irmãos, mas corrigirás o teu próximo, para não incorreres em falta por causa dele. Não te vingarás, nem guardarás rancor contra os filhos do teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor».
Amarás o teu próximo como a ti mesmo
O texto no seu contexto. A primeira leitura do sétimo domingo (Ano A) é um dos textos fundamentais para entender o judaísmo como religião e, portanto, a Bíblia como expressão escrita da fé judaica. O judaísmo fundamenta-se, entre outras coisas, na «santidade» absoluta de Deus. Assim, todas as separações são necessárias para não «contaminar-se» nem «contaminar»; para separar o que é «puro» do que é «impuro»; o «santo» do «profano». No coração do Pentateuco, destaca-se o que ficou conhecido como «Código de Santidade» (Levítico 17, 1-26.46), texto legislativo-religioso, que embora possa ser de leitura desagradável, é imprescindível para compreender o judaísmo como religião de Israel. Deus pede que o povo seja «santo», porque é a única forma de ser reflexo do próprio Deus, que é «santo». Esta expressão vai-se repetindo ao longo do Levítico e do Código de Santidade, como um «refrão» permanente. Entre os mandamentos que podemos ler no Código da Santidade, um deles é «amar o próximo como a ti mesmo». Pode parecer estranho, pois constatamos que este mandamento não é original de Jesus, mas que já aparece entre os próprios da religião judaica.
O texto na história da salvação. A segunda parte do texto litúrgico é fundamental se tivermos em conta que Jesus unirá os dois mandamentos: amar a Deus e ao próximo. Na Lei, encontramo-los em separado: amar a Deus, no Deuteronómio; amar o próximo, no Levítico. A originalidade de Jesus está em unir os dois. Por outro lado, o Levítico chama à santidade, enquanto que o texto do evangelho segundo Mateus chama à «perfeição»; Lucas prefere dizer «sede misericordiosos». Os estudiosos traçam, de um ao outro, uma evolução no pensamento judaico.
Palavra de Deus para nós: sentido e celebração litúrgica. O judaísmo representa a religião que pede para amar o próximo, num contexto da procura da santidade, conforme o Código da Santidade. Jesus irá mais longe: pedirá para amar até aqueles que te ofendem. A fé cristã não é uma lei «de mínimos», mas um caminho a seguir, que não sabes bem aonde te pode levar.
© Pedro Fraile Yécora, Homiletica









