Mistério da fé! [11]


Os sinais e símbolos (cf. tema 3) ocupam um lugar importante no contexto da vida humana; o mesmo acontece no contexto litúrgico. Por isso, dedicamos este tema à explicação dos sinais e símbolos associados ao Sacramento do Batismo. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Romanos 13, 11-14; Catecismo da Igreja Católica (CIC), números 1234 a 1245 e 1262 a 1284]

«Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo»

— diz Paulo aos cristãos de Roma. O batizado situa-se na aurora de um tempo novo assinalado pela passagem das trevas para a luz e pelo uso de uma nova «veste». Estas comparações exprimem a intensidade da relação que, pelo Batismo, se realiza entre Jesus Cristo o os cristãos (batizados): somos iluminados interiormente pela sua presença, para o tornarmos visível nas ações que realizamos, isto é, para sermos consequentes com a nossa situação de batizados.

Sinal da cruz

Há quem coloque uma marca nos bens pessoais. Há também quem use o emblema do clube, da associação, da instituição... É um sinal de pertença e de identificação. O sinal do cristão é a cruz. Ser marcado com o sinal da cruz ou traçar sobre si o sinal da cruz é manifestar a pertença a Jesus Cristo (e à Igreja). «O sinal da cruz, no princípio da celebração, manifesta a marca de Cristo impressa naquele que vai passar a pertencer-Lhe, e significa a graça da redenção que Cristo nos adquiriu pela sua cruz» (CIC 1235).

Unção com óleo

Na língua portuguesa distingue-se «óleo» de «azeite». No uso litúrgico, embora se trate de azeite, a terminologia comum é a primeira («óleo»), embora se referia ao produto retirado das azeitonas («azeite»). Na história bíblica, a escolha do rei, do sacerdote, do profeta, era assinalada com uma unção: óleo derramado sobre a cabeça do escolhido (eleito). Além disso, o óleo também servia como tonificador. Recordemos, por exemplo, o uso do óleo como protetor solar ou para fazer massagens... Na celebração do batismo fazem-se duas unções: no peito e na testa. Estas são feitas com a forma do sinal da cruz. «O óleo é sinal de resistência ao pecado. Não se trata de pensar que o óleo seja algo de mágico que ‘imuniza o corpo’ contra o mal. O óleo não é feitiço. É um símbolo, e quer transmitir a força divina. Sem esforço, ninguém, por mais ungido que tenha sido, consegue vencer o mal e o pecado» (José Bortolini, «Os Sacramentos na tua vida», São Paulo, Lisboa 1995, 27-28). Este é o sentido da primeira unção feita com o óleo dos catecúmenos (nome para designar os que se preparam para o batismo): «O poder de Cristo te fortaleça». A segunda unção, feita com o óleo do crisma, está associada à prática bíblica (unção do rei, do sacerdote, do profeta): «permaneças, eternamente, membro de Cristo sacerdote, profeta e rei». Sobre este óleo daremos mais pormenores ao abordarmos o Sacramento da Confirmação (ou Crisma).

Água

«Elemento da Natureza essencial à vida, é tomado, correntemente, com muitos valores e sentidos: sacia a sede, limpa, é fonte de vida, origina a força hidráulica… Em registo religioso, também serve para simbolizar realidades profundas: a pureza interior, sobretudo. Por isso, se encontram abluções ou banhos sagrados, em todas as culturas e religiões, nas margens do Ganges para os Hindus, do Nilo para os Egípcios, do Jordão para os Judeus. Para os Cristãos, a água serve para simbolizar expressivamente o que Cristo e a sua salvação são para nós» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de Liturgia», ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 23). No Batismo, está associada à «vida nova em Cristo» (cf. tema 9).

Veste branca

«A veste branca simboliza que o batizado ‘se revestiu de Cristo’» (CIC 1243). Na prática habitual dos primeiros séculos, o Batismo era celebrado na Vigília Pascal. «Os batizados, ao saírem da piscina, do ‘mergulho’ do Batismo, vestiam uma veste branca e conservavam-na toda a semana, até ao domingo seguinte. [...] Era uma semana de comemoração do Batismo» (José Ribólla, «Os Sacramentos trocados em miúdo», Editora Santuário, Aparecida 1990, 53).

Vela (luz)

«A vela, acesa no círio pascal, significa que Cristo iluminou o neófito. Em Cristo, os batizados são ‘a luz do mundo’» (CIC 1243). O Círio Pascal simboliza Jesus Cristo ressuscitado, vivo no meio de nós. Por isso, a vela não se acende a partir de uma outra vela qualquer! «A vela do Batismo quer dizer a quem é batizado: Jesus é a luz da tua vida! Procura andar nessa luz e serás feliz!» (José Bortolini..., 23).

«Seguindo, com participação atenta, os gestos e as palavras desta celebração, os fiéis são iniciados nas riquezas que este sacramento significa e realiza em cada novo batizado» (CIC 1234).



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Reflexões semanais sobre a «fé celebrada» (liturgia e Sacramentos) — Laboratório da fé, 2013
Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 19.12.13 | Sem comentários
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