Ao ritmo da liturgia
Mas qual é o objetivo? Queremos um mundo de pobres? Não, queremos um mundo justo. Queremos uma Igreja sem riqueza? Sim, com a única garantia de contar com Deus e o Evangelho de Jesus Cristo, a sua maior riqueza. Tudo isto sem nos colocarmos de fora. Pois também nós somos ricos! Sim. Pelo menos temos de pôr em dúvida a nossa acrítica aceitação de um bem-estar edificado sobre as desgraças de uma grande maioria do mundo.
A pobreza não é um problema que se tem de solucionar. A pobreza é um escândalo no qual todos participamos e do qual temos a obrigação de sair. E, para isso, não basta despojar os ricos, porque os agora pobres ocupariam imediatamente o seu lugar. Foi o que sempre aconteceu em todas as revoluções sociais. A única solução definitiva é a proposta por Jesus Cristo: superar todo o tipo de egoísmo e construir um mundo de irmãos. Já agora fica a provocação: se eu fosse rico... sinceramente, o que faria com o dinheiro?
A riqueza por antonomásia é o dinheiro, os bens materiais. Para nós «rico» e «pobre» são conceitos que fazem referência a uma situação económica e social. Rico é o que tem mais do que o necessário para viver e pode acumular bens. Pobre é o que não tem o necessário para viver e está privado de necessidades vitais.
No entanto, podemos ser pobres economicamente, mas possuirmos outras riquezas que também criam desigualdades (DOMINGO: «Há entre nós e vós um grande abismo») que ofendem a dignidade humana e sobre as quais temos de refletir: o nosso prestígio (SEGUNDA: «Qual deles seria o maior»), a nossa vaidade (TERÇA: «Aquela gente não O quis receber»), as nossas falsas seguranças...
Na verdade, a pobreza é muito mais do que ausência de dinheiro. No contexto bíblico, pobre é aquele que não tem outro credor senão Deus. Os pobres são os que, apesar de deserdados deste mundo (QUARTA: «Não tem onde reclinar a cabeça»), continuavam a confiar em Deus. A pobreza bíblica é uma atitude de vida pautada pelo despojamento (QUINTA: «Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias») em relação a si próprio para se centrar na pessoa do outro, tendo por base a plena confiança em Deus.
O Deus de Jesus Cristo tem predileção pelos pobres (SEXTA: «Revelaste aos pequeninos»), por todos os que eram marginalizados pela sociedade. Estes são os bem-aventurados, portadores de uma felicidade que mais ninguém tem, que nada (SÁBADO: «Nada poderá causar-vos dano») nem ninguém lhes pode arrebatar.
A elaboração deste texto foi inspirada na obra de José Luis Cortés, El ciclo C, Herder Editorial e nos textos publicados neste «Laboratório da fé» a propósito do vigésimo sexto domingo.
© Laboratório da fé, 2013
Vigésima sexta semana
Catequese para ricos (e pobres)
O Evangelho é muito crítico em relação aos ricos, tanto na condenação direta como na exaltação dos pobres. Nesse sentido, é preciso instituir uma catequese especial — «catequese para ricos» — para ajudar à conversão dos ricos, embora a Igreja tenha pouca prática nessa questão (bem observado, nós próprios não podemos ficar de fora dessas catequeses).Mas qual é o objetivo? Queremos um mundo de pobres? Não, queremos um mundo justo. Queremos uma Igreja sem riqueza? Sim, com a única garantia de contar com Deus e o Evangelho de Jesus Cristo, a sua maior riqueza. Tudo isto sem nos colocarmos de fora. Pois também nós somos ricos! Sim. Pelo menos temos de pôr em dúvida a nossa acrítica aceitação de um bem-estar edificado sobre as desgraças de uma grande maioria do mundo.
A pobreza não é um problema que se tem de solucionar. A pobreza é um escândalo no qual todos participamos e do qual temos a obrigação de sair. E, para isso, não basta despojar os ricos, porque os agora pobres ocupariam imediatamente o seu lugar. Foi o que sempre aconteceu em todas as revoluções sociais. A única solução definitiva é a proposta por Jesus Cristo: superar todo o tipo de egoísmo e construir um mundo de irmãos. Já agora fica a provocação: se eu fosse rico... sinceramente, o que faria com o dinheiro?
A riqueza por antonomásia é o dinheiro, os bens materiais. Para nós «rico» e «pobre» são conceitos que fazem referência a uma situação económica e social. Rico é o que tem mais do que o necessário para viver e pode acumular bens. Pobre é o que não tem o necessário para viver e está privado de necessidades vitais.
No entanto, podemos ser pobres economicamente, mas possuirmos outras riquezas que também criam desigualdades (DOMINGO: «Há entre nós e vós um grande abismo») que ofendem a dignidade humana e sobre as quais temos de refletir: o nosso prestígio (SEGUNDA: «Qual deles seria o maior»), a nossa vaidade (TERÇA: «Aquela gente não O quis receber»), as nossas falsas seguranças...
Na verdade, a pobreza é muito mais do que ausência de dinheiro. No contexto bíblico, pobre é aquele que não tem outro credor senão Deus. Os pobres são os que, apesar de deserdados deste mundo (QUARTA: «Não tem onde reclinar a cabeça»), continuavam a confiar em Deus. A pobreza bíblica é uma atitude de vida pautada pelo despojamento (QUINTA: «Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias») em relação a si próprio para se centrar na pessoa do outro, tendo por base a plena confiança em Deus.
O Deus de Jesus Cristo tem predileção pelos pobres (SEXTA: «Revelaste aos pequeninos»), por todos os que eram marginalizados pela sociedade. Estes são os bem-aventurados, portadores de uma felicidade que mais ninguém tem, que nada (SÁBADO: «Nada poderá causar-vos dano») nem ninguém lhes pode arrebatar.
Esta semana recorda-nos que não se pode ser autenticamente feliz sem se preocupar pela situação concreta dos homens e mulheres que nos rodeiam, sem se perguntar: Como me comporto diante do sofrimento dos outros? A vida cristã é um convite permanente à conversão, a voltar-nos para Deus e para os outros, descentrando-nos de nós mesmos. Que o nosso centro não esteja mais em nós, mas no que está à nossa volta, à nossa porta!
A elaboração deste texto foi inspirada na obra de José Luis Cortés, El ciclo C, Herder Editorial e nos textos publicados neste «Laboratório da fé» a propósito do vigésimo sexto domingo.
© Laboratório da fé, 2013