Encuentros con la Palabra — blogue de Hermann Rodríguez Osorio

Há algum atrás, o jornal «El Tiempo» trazia uma notícia que criou um mal-estar entre os ricos da Colômbia: «Nos Estados Unidos pedem aos colombianos para pagarem mais para a guerra». Um pouco mais abaixo dizia: «Estão preocupados [os congressistas norte-americanos que debatem a ajuda para a Colômbia] perante a possibilidade de estar a 'subsidiar' a elite colombiana que, segundo os dados, paga poucos impostos em comparação com o resto do mundo». É triste que só se lembrem da necessidade de pagar mais impostos para financiar a guerra e não se lembrem de pagar mais impostos para financiar o desenvolvimento humano sustentável de toda a população, de modo a afastar a guerra em está mergulhada a Colômbia. É triste, é verdade, mas fazem-nos cair na conta de uma realidade que pode estar na base do problema social em que vivemos.  
Segundo o artigo, «a Colômbia é o terceiro país menos equilibrado da América Latina, que é a região mais desproporcionada do mundo. Dez por cento dos colombianos mais ricos ganha 80, 27 vezes mais do que a mesma percentagem (dez por cento) dos mais pobre. Nos Estados Unidos, essa percentagem (10%) ganha apenas 15, 9 vezes mais do que os dez por cento dos pobres. Se olharmos a situação na perspetiva da tendência global, a desigualdade é ainda maior: 0,4 por cento dos colombianos, de acordo com um estudo do Governo, é dono de 61, 2 por cento da terra para fins agrícolas». [...]
Alguns dias depois, um bom amigo viu como a polícia, a pedido dos vizinhos do lugar onde vive atualmente, levava uma vendedora ambulante, que só trabalha para viver e sustentar a sua família. Perante o atropelo que estavam a cometer, o meu amigo aproximou-se e disse a um dos polícias: «Tratem-na como uma pessoa humana». Um dos vizinhos, de entre os que tinham denunciado a vendedora, respondeu: «Não nos venha agora com discursos sociais». Mas o meu amigo, encarando o homem, disse: «Não estou a falar de discursos sociais, mas do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo!».
Isto mesmo temos de repetir hoje depois de ler os dados da repartição das riquezas na Colômbia e da necessidade de criar condições para uma maior igualdade entre os colombianos: Estamos a falar do Evangelho! A parábola que nos conta o evangelho do vigésimo sexto domingo (Ano C) parece tirada da nossa própria realidade: «Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, jazia junto do seu portão, coberto de chagas. Bem desejava saciar-se do que caía da mesa do rico, mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas». A história apresenta o destino definitivo do pobre após a morte: é levado para o seio de Abraão; sobre o rico apenas se diz que «foi sepultado» e levado para um lugar de tormento.
O diálogo entre o rico e Abraão é muito interessante. O rico quer que Abraão avise os seus irmãos, através do medo, para que ao morrer não sejam levados para o mesmo lugar onde ele se encontra. Mas Abraão recorda-lhe que para isso têm Moisés e todos os profetas. Só precisam de lhes dar ouvidos. Por fim, o rico termina dizendo: «Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão». Mas Abraão respondeu-lhe: «Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos». O Senhor Jesus ressuscitou e ainda não lhe dêmos ouvidos. Além disso, quem prega estas coisas é muitas vezes acusado de estar a fazer «discursos sociais», quando o que está em jogo é o anúncio do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os congressistas norte-americanos encontraram a origem das nossas desgraças, mas estão equivocados na solução, quando pensam na guerra e não numa vida digna para todos.

© Hermann Rodríguez Osorio, SJ

© tradução e adaptação de Laboratório da fé, 2013
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Preparar o vigésimo sexto domingo, ano C, no Laboratório da fé
Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 24.9.13 | Sem comentários
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