Encuentros con la Palabra — blogue de Hermann Rodríguez Osorio
Já passava das 9 da noite, quando cheguei a casa cansado, no final de um dia de trabalho e de estudo. Chamou-me a atenção o ruído próximo do apartamento. Perguntei ao porteiro o que se passava. Contou-me que o meu irmão mais novo tinha chegado e os meus pais tinham organizado uma festa para o receber. Convidaram alguns vizinhos e familiares. Fiquei surpreendido, pois já se tinham passado três anos desde o dia em que o meu irmão tinha saído de casa sem deixar rasto. Antes de desaparecer, tinha provocado muito sofrimento aos meus pais, porque a ânsia de conseguir comprar a droga tinha-o escravizado, tinha desmantelado a casa de todo o tipo de eletrodomésticos e objetos de grande valor. A última coisa que fez, antes de desaparecer, foi roubar as poucas poupanças que os meus pais tinham conseguido reunir ao longo de uma vida inteira de sacrifícios e esforços.
Senti muita raiva, ao saber que se tinha organizado uma festa para receber esse traste que a única coisa que fez foi gastar o que os outros conseguiram com o trabalho. Recusei-me a entrar. Os meus pais saíram para me tentar convencer a participar na festa. Confesso que a minha reação foi dura para com eles: «Não tenho qualquer intenção de aprovar com a minha presença a vossa tolice com este preguiçoso que não fez outra coisa senão fazer-vos sofrer, primeiro com os seus vícios e roubos, e depois com uma ausência de três anos sem dar o menor sinal de vida. Não percebem o que estão a fazer? Estão a dizer-lhe que fez tudo bem e que pode continuar na mesma vida de sempre. Em lugar de o educar e fazer-lhe ver o erro, o que estais a fazer é premiá-lo pelo que fez. Quando é que organizastes uma festa para celebrar o meu aniversário com os meus amigos? Passei a vida aqui ao vosso lado sem desacatar a mais pequena ordem, estudando e trabalhando para ajudar a sustentar os gastos da casa e nunca me agradecestes. E, agora, chega esse rapazito e converteis a sua chegada numa festa».
Os argumentos que me deram não me convenceram. Diziam de todas as formas que estavam contentes porque o filho que tinham perdido tinha aparecido; e que se alegravam por saber que estava vivo aquele que tinham dado por morto. Não podia acreditar. Era algo que ultrapassava a minha capacidade de compreensão. Não entendia como podia ser possível que tivessem esquecido os muitos momentos amargos que tinham tido por sua culpa, antes e depois do seu desaparecimento há três anos. Estou seguro de que vós também partilhais os meus sentimentos e não teríeis coragem para celebrar a chegada de um filho ou um irmão que se tinha portado assim com a família. Não me cabe na cabeça que haja alguém que não sinta o mesmo que eu. Apesar de tudo, Deus não nos pede coisas que estejam acima das nossas capacidades.
As parábolas apresentadas pelo evangelho do vigésimo quarto domingo são a forma usada por Jesus para revolucionar radicalmente a imagem de Deus que tinham os seus contemporâneos. Em lugar de um Deus justiceiro e castigador, Jesus apresenta-nos um Deus que se alegra mais pela conversão de um só pecador, do que por noventa e nove justos que não precisam de mudar nada na sua vida. A nossa imagem de Deus é mais parecida com a do filho mais velho, que não é capaz de perdoar, ou com o pai, que se alegra por encontrar aquele que estava perdido?
Já passava das 9 da noite, quando cheguei a casa cansado, no final de um dia de trabalho e de estudo. Chamou-me a atenção o ruído próximo do apartamento. Perguntei ao porteiro o que se passava. Contou-me que o meu irmão mais novo tinha chegado e os meus pais tinham organizado uma festa para o receber. Convidaram alguns vizinhos e familiares. Fiquei surpreendido, pois já se tinham passado três anos desde o dia em que o meu irmão tinha saído de casa sem deixar rasto. Antes de desaparecer, tinha provocado muito sofrimento aos meus pais, porque a ânsia de conseguir comprar a droga tinha-o escravizado, tinha desmantelado a casa de todo o tipo de eletrodomésticos e objetos de grande valor. A última coisa que fez, antes de desaparecer, foi roubar as poucas poupanças que os meus pais tinham conseguido reunir ao longo de uma vida inteira de sacrifícios e esforços.
Senti muita raiva, ao saber que se tinha organizado uma festa para receber esse traste que a única coisa que fez foi gastar o que os outros conseguiram com o trabalho. Recusei-me a entrar. Os meus pais saíram para me tentar convencer a participar na festa. Confesso que a minha reação foi dura para com eles: «Não tenho qualquer intenção de aprovar com a minha presença a vossa tolice com este preguiçoso que não fez outra coisa senão fazer-vos sofrer, primeiro com os seus vícios e roubos, e depois com uma ausência de três anos sem dar o menor sinal de vida. Não percebem o que estão a fazer? Estão a dizer-lhe que fez tudo bem e que pode continuar na mesma vida de sempre. Em lugar de o educar e fazer-lhe ver o erro, o que estais a fazer é premiá-lo pelo que fez. Quando é que organizastes uma festa para celebrar o meu aniversário com os meus amigos? Passei a vida aqui ao vosso lado sem desacatar a mais pequena ordem, estudando e trabalhando para ajudar a sustentar os gastos da casa e nunca me agradecestes. E, agora, chega esse rapazito e converteis a sua chegada numa festa».
Os argumentos que me deram não me convenceram. Diziam de todas as formas que estavam contentes porque o filho que tinham perdido tinha aparecido; e que se alegravam por saber que estava vivo aquele que tinham dado por morto. Não podia acreditar. Era algo que ultrapassava a minha capacidade de compreensão. Não entendia como podia ser possível que tivessem esquecido os muitos momentos amargos que tinham tido por sua culpa, antes e depois do seu desaparecimento há três anos. Estou seguro de que vós também partilhais os meus sentimentos e não teríeis coragem para celebrar a chegada de um filho ou um irmão que se tinha portado assim com a família. Não me cabe na cabeça que haja alguém que não sinta o mesmo que eu. Apesar de tudo, Deus não nos pede coisas que estejam acima das nossas capacidades.
As parábolas apresentadas pelo evangelho do vigésimo quarto domingo são a forma usada por Jesus para revolucionar radicalmente a imagem de Deus que tinham os seus contemporâneos. Em lugar de um Deus justiceiro e castigador, Jesus apresenta-nos um Deus que se alegra mais pela conversão de um só pecador, do que por noventa e nove justos que não precisam de mudar nada na sua vida. A nossa imagem de Deus é mais parecida com a do filho mais velho, que não é capaz de perdoar, ou com o pai, que se alegra por encontrar aquele que estava perdido?
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