Carta encíclica sobre a fé [25]


Lembrar esta ligação da fé com a verdade é hoje mais necessário do que nunca, precisamente por causa da crise de verdade em que vivemos. Na cultura contemporânea, tende-se frequentemente a aceitar como verdade apenas a da tecnologia: é verdadeiro aquilo que o ser humano consegue construir e medir com a sua ciência; é verdadeiro porque funciona, e assim torna a vida mais cómoda e aprazível. Esta verdade parece ser, hoje, a única certa, a única partilhável com os outros, a única sobre a qual se pode conjuntamente discutir e comprometer-se; depois haveria as verdades do indivíduo, como ser autêntico face àquilo que cada um sente no seu íntimo, válidas apenas para o sujeito mas que não podem ser propostas aos outros com a pretensão de servir o bem comum. A verdade grande, aquela que explica o conjunto da vida pessoal e social, é vista com suspeita. Porventura não foi esta — perguntam-se — a verdade pretendida pelos grandes totalitarismos do século passado, uma verdade que impunha a própria conceção global para esmagar a história concreta do indivíduo? No fim, resta apenas um relativismo, no qual a questão sobre a verdade de tudo — que, no fundo, é também a questão de Deus — já não interessa. Nesta perspetiva, é lógico que se pretenda eliminar a ligação da religião com a verdade, porque esta associação estaria na raiz do fanatismo, que quer emudecer quem não partilha da crença própria. A este respeito, pode-se falar de uma grande obnubilação da memória no nosso mundo contemporâneo; de facto, a busca da verdade é uma questão de memória, de memória profunda, porque visa algo que nos precede e, desta forma, pode conseguir unir-nos para além do nosso «eu» pequeno e limitado; é uma questão relativa à origem de tudo, a cuja luz se pode ver a meta e também o sentido da estrada comum.

A luz da fé [Carta Encíclica sobre a fé - «Lumen Fidei»]
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  • A luz da fé — números publicados no Laboratório da fé > > >



Refletir... saborear

  • É fundamental recordar a relação da fé com a verdade
  • Há uma crise de verdade, na cultura contemporânea
  • Hoje, parece que só é aceite a verdade tecnológica:
    — é verdade aquilo que o ser humano constrói com a sua ciência
    — é verdade aquilo que funciona
  • A verdade tecnológica parece ser a única que se pode partilhar
  • A verdade do indivíduo é válida apenas para si mesmo
  • A «verdade grande» é vista com suspeita
  • Predomina o relativismo
  • A busca da verdade é uma questão de memória 
  • A busca da verdade é uma questão relativa à origem de tudo
  • Qual é a razão da crise da verdade, na cultura contemporânea?
  • Qual é o efeito da crise da verdade, na vida pessoal?
  • Porque é que só se aceita a verdade tecnológica?
  • O relativismo resolve a questão da verdade profunda?
  • O que entendo por «busca da verdade»?
© Laboratório da fé, 2013

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Papa Francisco, Carta Encíclica sobre a fé (Lumen Fidei — A luz da fé)
Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 5.9.13 | Sem comentários
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