Esta é a nossa fé [35]


Reflexão semanal 
sobre o Credo Niceno-constantinopolitano

A fé no Espírito Santo continua com a proclamação: «Creio na Igreja una»... Na verdade, o «Credo» ensina-nos que há uma ligação profunda entre o Espírito Santo e a Igreja. «A missão de Cristo e do Espírito Santo completa-se na Igreja» — afirma o Catecismo da Igreja Católica (número 737). Por isso, o Espírito Santo é também a fonte da unidade na Igreja. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Atos dos Apóstolos 2, 42-47; Catecismo da Igreja Católica, números 731-741 e 813-822]

«Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum» — relata o livro dos Atos dos Apóstolos. «Os crentes é um modo de designar os ‘cristãos’. Viviam unidos. Sublinha-se fortemente o que caracteriza a comunidade primitiva: a união, a unanimidade, a comunhão fraterna, a partilha dos bens. A comunidade de Jerusalém tornou-se, assim, um exemplo para todos os crentes e para todas as igrejas. Estes versículos constituem o primeiro sumário relativo à vida da comunidade de Jerusalém. [...] É posta em evidência a unidade de uma comunidade, os seus elementos característicos, a partilha dos bens e a atividade miraculosa dos Apóstolos. As primeiras componentes da vida de comunidade são o ensino dos Apóstolos e a união fraterna. O espaço dessa realização comunitária era o culto, do qual faziam parte a fração do pão, a Eucaristia, e as orações» (Bíblia Sagrada. Notas ao texto dos Atos dos Apóstolos, Difusora Bíblica, 1780). Este relato do livro dos Atos dos Apóstolos (cf. capítulo 2) aparece na sequência do dom do Espírito Santo (Pentecostes) e do primeiro discurso de Pedro. Agora, o Espírito Santo continua a animar os cristãos que procuram viver da melhor maneira o ideal comunitário proposto por Jesus Cristo. No texto, percebe-se que a unidade é uma caraterística essencial da comunidade cristã.

Creio. «No Credo, imediatamente depois de ter professado a fé no Espírito Santo, dizemos: ‘Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica’. Há um vínculo profundo entre estas duas realidades de fé: com efeito, é o Espírito Santo que dá vida à Igreja, guiando os seus passos. Sem a presença e a obra incessante do Espírito Santo, a Igreja não poderia viver nem cumprir a tarefa que Jesus ressuscitado lhe confiou, de ir e ensinar todas as nações» (Francisco, Audiência Geral de 22 de maio de 2013). Portanto, apesar deste apartado sobre a Igreja começar com a afirmação «Creio», como acontece em relação à Trindade — «Creio em um só Deus (cf. tema 1)... Creio em um só Senhor, Jesus Cristo (cf. tema 7)... Creio no Espírito Santo» (cf. tema 30) —, convém não esquecer que o «Credo» possui uma estrutura trinitária assente na Trindade: Pai, Filho, Espírito Santo. «O artigo sobre a Igreja depende inteiramente do artigo sobre o Espírito Santo. [...] A Igreja é o lugar ‘onde floresce o Espírito’» (Catecismo da Igreja Católica, 749).

Na Igreja. «A Igreja é a primeira obra do Espírito em que se confessa a sua presença ativa no coração dos homens. [...] A Igreja é a comunidade de crentes convocada e reunida pelo Espírito. A palavra ‘ecclesia’, de onde vem ‘Igreja’, significa quer a convocação, quer a assembleia reunida» (Rui Alberto, «Eu creio, Nós cremos. Encontros sobre os fundamentos da fé», ed. Salesianas, Porto 2012, 134).

Una. O Catecismo da Igreja Católica (número 813) afirma que a igreja é una, graças à sua fonte (Trindade), graças ao seu fundador (Jesus Cristo), graças à sua «alma» (Espírito Santo). É da própria essência da Igreja o ser una. «Há um primeiro efeito importante da obra do Espírito Santo que guia e anima o anúncio do Evangelho: a unidade, a comunhão. Em Babel, segundo a narração bíblica, tiveram início a dispersão dos povos e a confusão das línguas, fruto do gesto de soberba e de orgulho do ser humano [...]. No Pentecostes, estas divisões são superadas. Já não há orgulho em relação a Deus, nem fechamento de uns aos outros, mas abertura a Deus [...]. A língua do Espírito, do Evangelho, é a língua da comunhão, que convida a superar fechamentos e indiferenças, divisões e oposições» (Francisco, Audiência Geral de 22 de maio de 2013). No entanto, a realidade (ontem como hoje) mostra-nos que há ainda um caminho a percorrer para a unidade plena. Por isso, a Igreja tem de se empenhar para conservar o dom da unidade (cf. Catecismo da Igreja Católica, número 820).

«Cada um deve perguntar: como me deixo guiar pelo Espírito Santo, de modo que a minha vida e o meu testemunho de fé seja de unidade e comunhão? [...] Que faço na minha vida? Crio unidade ao meu redor? Ou divido com mexericos, críticas e inveja. O que faço? Pensemos nisto» (Francisco, Audiência Geral de 22 de maio de 2013).

© Laboratório da fé, 2013

Credo niceno-constantinopolitano, no Laboratório da fé  Credo niceno-constantinopolitano, no Laboratório da fé

Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 27.6.13 | Sem comentários
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