— Meditação de 1 de janeiro de 2013 —
© Ateliers & Presses de Taizé, Communauté de Taizé, 71250 Taizé, France

Eis-nos já no fim do nosso belo encontro. Amanhã, quase todos vão tomar o caminho de regresso a casa. Da minha parte, com alguns irmãos e uma centena de jovens de toda a Europa, prolongaremos esta peregrinação indo a Istambul. Ali, com o patriarca ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu, e com as diferentes Igrejas presentes na cidade, vamos celebrar a Epifania.
Uma questão acompanhar-nos-á a todos: será possível continuar em casa o que vivemos aqui? Como relacionar com Deus a minha vida quotidiana ?
Todos nós podemos ter por vezes a forte impressão de que, na vida de todos os dias, estamos entregues a nós mesmos. Deus pode parecer muito longe.
Para alguns, encontrar uma orientação de vida é algo pouco evidente. É difícil hoje prever o o futuro, mesmo o futuro próximo. Muitos estudam ou adquirem uma formação sem ter qualquer ideia em que é que isso pode resultar. Como, então, construir um projecto de vida?
É claro que não temos soluções fáceis para oferecer. Mas nós, os irmãos da comunidade de Taizé, gostaríamos que todos pudéssemos partir de Roma com uma força interior que nos permita encarar o futuro com coragem e com alegria.
Quando tremem os apoios que a sociedade nos oferece, torna-se ainda mais importante encontrar em nós mesmos uma força interior que nos faça continuar em frente.
Eu estou convicto: a confiança em Deus pode despertar essa força interior. A confiança é mais do que um simples sentimento; é possível tomar uma decisão, reflectida pela confiança em Deus.
Para apoiar esta decisão, é preciso, tal como numa amizade humana, investir plenamente na procura de uma relação pessoal com Deus. Então, podemos avançar, olhando para Cristo.
Jesus, quando era jovem, fez uma escolha fundamental que orientou de maneira decisiva a sua existência. Ele pôs toda a sua confiança no amor de Deus. Confiou em Deus, mesmo nos fracassos, que também ele conheceu.
Jesus nunca obscureceu o amor de Deus que irradiava dele. Nele, o amor de Deus em toda a sua totalidade tornou-se visível. Ao longo do ano que começa, poderemos meditar sobre isto, em primeiro lugar. Deus, que está para lá de tudo o que podemos imaginar, comunicou-se plenamente através de uma vida humana: a vida de Jesus.
Foi através de uma vida muito simples que Jesus irradiou o amor de Deus. Ele não era um super-homem acima de nós. Pelo contrário, ele era mais humano que nós.
Ao olharmos assim para ele, podemos compreender que Deus nos concede confiarmos na nossa humanidade. A confiança em Deus é uma só em conjunto com a confiança no ser humano. A fé em Deus leva a tornarmo-nos mais humanos e a recusarmos tudo o que desumaniza, em nós mesmos e nos outros.
Com Cristo, todos somos filhos de Deus. Renovar, dia após dia, esta confiança em Deus dá-nos uma força interior e até mesmo uma tenacidade. Elas podem orientar toda a nossa existência, estar subjacentes às pequenas e às grandes decisões.
Então, mesmo com uma liberdade reduzida, no meio de dificuldades materiais, mesmo com pouca certeza no futuro, podemos encontrar o gosto e a coragem para agarrarmos o nosso futuro.
Todos nós gostaríamos de escutar, como se fosse dirigida a cada um de nós, a palavra que o apóstolo Paulo escreveu um dia a um jovem chamado Timóteo, responsável por uma comunidade cristã: «Reacende o dom de Deus que se encontra em ti. Não é um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso».


Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 2.1.13 | Sem comentários
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