— Apostolado da Oração — intenção geral de janeiro —
1. Já muito foi dito sobre o Ano da Fé e mais será nos próximos meses. É bom que assim seja, sobretudo se tal significar uma maior consciencialização dos crentes relativamente à urgência de professar com alegria a fé no Verbo de Deus encarnado, morto e ressuscitado, e a adesão, em obras e palavras, ao seu Evangelho. Afinal, como lembra Bento XVI na carta apostólica Porta fidei («A Porta da Fé»), a fé deixou de existir como «pressuposto óbvio da vida diária» e, com frequência, tal pressuposto é mesmo «negado» (cf. n. 2). Esta alteração do contexto social em que somos chamados a testemunhar o mistério de Cristo é, no entanto, essencialmente positiva, pois permite que a originalidade do Cristianismo seja mais visível e a novidade de Cristo inquiete mais poderosamente os corações com o sabor das coisas ainda não ditas e capazes de converter a vida.
2. Para que isso aconteça, porém, é necessário que os cristãos deixem modelos religiosos do passado e apostem de modo decidido em Cristo, no conhecimento do seu mistério. Não se trata apenas de um conhecimento intelectual, nem primariamente de um conhecimento desse tipo. Se nos lembrarmos do modo como São Paulo se refere a Cristo e ao seu mistério, «escondido» desde sempre em Deus, mas revelado «nestes últimos tempos» aos seus discípulos, percebemos que se trata, sobretudo, de uma ação de Deus, o qual Se dá a conhecer em seu Filho, Jesus Cristo. E, sendo assim, aprofundar o conhecimento do mistério de Cristo implica, antes de mais, dispor o coração para acolher o Evangelho e viver de acordo com ele.
3. Não sendo em primeiro lugar um conhecimento intelectual, a adesão ao mistério de Cristo passa também por aí. O Cristianismo não é um irracionalismo. Desde muito cedo, os cristãos perceberam a necessidade de saber apresentar Aquele em quem acreditam e as razões para acreditar. É justamente famosa a expressão da Primeira Carta de Pedro sobre a disponibilidade dos cristãos para darem, a quem lhas pedir, «as razões» da sua esperança (3, 15). Ao longo dos séculos, esta exigência da fé gerou no seio da Igreja uma incansável actividade intelectual, testemunhada nas obras dos Padres da Igreja, em bibliotecas, nas universidades e em escolas de todo o género. Hoje este compromisso com a cultura não pode esmorecer – mas, tal como no passado, deve sempre partir do desejo de aprofundar o conhecimento de Cristo, para poder falar d’Ele a quem, porventura, deseje escutar.
4. Verdadeiramente, ninguém nasce cristão – cada um faz-se cristão, ou melhor, é feito cristão através do baptismo. E se hoje é comum as famílias cristãs pedirem o batismo para os seus filhos na mais tenra idade, isso significa que o ser feito cristão acaba por se dilatar no tempo após o batismo, implicando um processo longo de aprendizagem, não apenas de conceitos mas sobretudo de um modo de vida. Este processo tem nas famílias e nas comunidades cristãs os seus agentes mais diretos e, hoje, praticamente únicos – pois, como referi no início desta reflexão, citando Bento XVI, o contexto social no qual a fé era um dado adquirido deixou de existir; não raro, tornou-se mesmo adverso à transmissão da fé. Testemunhar a fé com alegria, na família e na comunidade cristã, é, por isso, essencial se pretendemos que o Ano da Fé dê frutos, renovando a vida dos crentes e despertando em quem não acredita o desejo de conhecer o mistério de Cristo para O acolher e fazer d’Ele o centro da sua vida.
© «Diário do Minho» [10 de janeiro de 2013] — Suplemento «Igreja Viva»
© Elias Couto [Apostolado da Oração]
Para que, neste Ano da Fé,
os cristãos aprofundem o conhecimento do mistério de Cristo
e testemunhem a própria fé com alegria.
1. Já muito foi dito sobre o Ano da Fé e mais será nos próximos meses. É bom que assim seja, sobretudo se tal significar uma maior consciencialização dos crentes relativamente à urgência de professar com alegria a fé no Verbo de Deus encarnado, morto e ressuscitado, e a adesão, em obras e palavras, ao seu Evangelho. Afinal, como lembra Bento XVI na carta apostólica Porta fidei («A Porta da Fé»), a fé deixou de existir como «pressuposto óbvio da vida diária» e, com frequência, tal pressuposto é mesmo «negado» (cf. n. 2). Esta alteração do contexto social em que somos chamados a testemunhar o mistério de Cristo é, no entanto, essencialmente positiva, pois permite que a originalidade do Cristianismo seja mais visível e a novidade de Cristo inquiete mais poderosamente os corações com o sabor das coisas ainda não ditas e capazes de converter a vida.
2. Para que isso aconteça, porém, é necessário que os cristãos deixem modelos religiosos do passado e apostem de modo decidido em Cristo, no conhecimento do seu mistério. Não se trata apenas de um conhecimento intelectual, nem primariamente de um conhecimento desse tipo. Se nos lembrarmos do modo como São Paulo se refere a Cristo e ao seu mistério, «escondido» desde sempre em Deus, mas revelado «nestes últimos tempos» aos seus discípulos, percebemos que se trata, sobretudo, de uma ação de Deus, o qual Se dá a conhecer em seu Filho, Jesus Cristo. E, sendo assim, aprofundar o conhecimento do mistério de Cristo implica, antes de mais, dispor o coração para acolher o Evangelho e viver de acordo com ele.
3. Não sendo em primeiro lugar um conhecimento intelectual, a adesão ao mistério de Cristo passa também por aí. O Cristianismo não é um irracionalismo. Desde muito cedo, os cristãos perceberam a necessidade de saber apresentar Aquele em quem acreditam e as razões para acreditar. É justamente famosa a expressão da Primeira Carta de Pedro sobre a disponibilidade dos cristãos para darem, a quem lhas pedir, «as razões» da sua esperança (3, 15). Ao longo dos séculos, esta exigência da fé gerou no seio da Igreja uma incansável actividade intelectual, testemunhada nas obras dos Padres da Igreja, em bibliotecas, nas universidades e em escolas de todo o género. Hoje este compromisso com a cultura não pode esmorecer – mas, tal como no passado, deve sempre partir do desejo de aprofundar o conhecimento de Cristo, para poder falar d’Ele a quem, porventura, deseje escutar.
4. Verdadeiramente, ninguém nasce cristão – cada um faz-se cristão, ou melhor, é feito cristão através do baptismo. E se hoje é comum as famílias cristãs pedirem o batismo para os seus filhos na mais tenra idade, isso significa que o ser feito cristão acaba por se dilatar no tempo após o batismo, implicando um processo longo de aprendizagem, não apenas de conceitos mas sobretudo de um modo de vida. Este processo tem nas famílias e nas comunidades cristãs os seus agentes mais diretos e, hoje, praticamente únicos – pois, como referi no início desta reflexão, citando Bento XVI, o contexto social no qual a fé era um dado adquirido deixou de existir; não raro, tornou-se mesmo adverso à transmissão da fé. Testemunhar a fé com alegria, na família e na comunidade cristã, é, por isso, essencial se pretendemos que o Ano da Fé dê frutos, renovando a vida dos crentes e despertando em quem não acredita o desejo de conhecer o mistério de Cristo para O acolher e fazer d’Ele o centro da sua vida.
© «Diário do Minho» [10 de janeiro de 2013] — Suplemento «Igreja Viva»
© Elias Couto [Apostolado da Oração]