Carta encíclica sobre a fé [19]


A partir desta participação no modo de ver de Jesus, o apóstolo Paulo deixou-nos, nos seus escritos, uma descrição da existência crente. Aquele que acredita, ao aceitar o dom da fé, é transformado numa nova criatura, recebe um novo ser, um ser filial, torna-se filho no Filho: «Abbá, Pai» é a palavra mais característica da experiência de Jesus, que se torna centro da experiência cristã (cf. Romanos 8, 15). A vida na fé, enquanto existência filial, é reconhecer o dom originário e radical que está na base da existência do ser humano, podendo resumir-se nesta frase de São Paulo aos Coríntios: «Que tens tu que não tenhas recebido?» (1Coríntios 4, 7). É precisamente aqui que se situa o cerne da polémica do Apóstolo com os fariseus: a discussão sobre a salvação pela fé ou pelas obras da lei. Aquilo que São Paulo rejeita é a atitude de quem se quer justificar a si mesmo diante de Deus através das próprias obras; esta pessoa, mesmo quando obedece aos mandamentos, mesmo quando realiza obras boas, coloca-se a si própria no centro e não reconhece que a origem do bem é Deus. Quem atua assim, quem quer ser fonte da sua própria justiça, depressa a vê exaurir-se e descobre que não pode sequer aguentar-se na fidelidade à lei; fecha-se, isolando-se do Senhor e dos outros, e, por isso, a sua vida torna-se vã, as suas obras estéreis, como árvore longe da água. Assim se exprime Santo Agostinho com a sua linguagem concisa e eficaz: «Não te afastes d’Aquele que te fez, nem mesmo para te encontrares a ti» [15]. Quando o ser humano pensa que, afastando-se de Deus, encontrar-se-á a si mesmo, a sua existência fracassa (cf. Lucas 15, 11-24). O início da salvação é a abertura a algo que nos antecede, a um dom originário que sustenta a vida e a guarda na existência. Só abrindo-nos a esta origem e reconhecendo-a é que podemos ser transformados, deixando que a salvação atue em nós e torne a vida fecunda, cheia de frutos bons. A salvação pela fé consiste em reconhecer o primado do dom de Deus, como resume São Paulo: «Porque é pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós, é dom de Deus» (Efésios 2, 8).

[15] De continentia, 4, 11: PL 40, 356 («ab eo qui fecit te noli deficere nec ad te»)

A luz da fé [Carta Encíclica sobre a fé - «Lumen Fidei»]
A luz da fé [Carta Encíclica sobre a fé - «Lumen Fidei»] — pdf

  • A luz da fé — números publicados no Laboratório da fé > > >



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  • A fé transforma o crente numa nova criatura
  • A fé faz o crente participar na filiação divina: filho no Filho
  • Chamar «Pai» a Deus é a palavra mais característica da experiência de Jesus Cristo
  • Chamar «Pai» a Deus é centro da experiência cristã
  • A fé reconhece o dom originário e radical da existência: Deus (Pai)
  • Quem pensa salvar-se pelas suas obras, esquece-se do dom originário 
  • Quem pensa salvar-se pelas suas obras, fecha-se a Deus e aos outros
  • A salvação começa com a abertura ao dom originário, que nos antecede e sustenta a vida
  • A salvação pela fé consiste em reconhecer o primado do dom de Deus
  • A salvação pela fé consiste em deixar-se transformar pelo dom de Deus
  • Que sentido tem dizer que a fé dá ao crente um novo ser?
  • Considero importante invocar Deus como «Pai»?
  • Para mim, qual é a fonte originária da existência?
  • Porque é que Paulo defende que a salvação vem pela fé e não pelas obras?
© Laboratório da fé, 2013

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Papa Francisco, Carta Encíclica sobre a fé (Lumen Fidei — A luz da fé)
Postado por Marcelino Paulo Ferreira | 30.8.13 | 2 comentários
2 comentários:
  1. CONVITE À EDUCAÇÃO
    “Porque só um é vosso Mestre, o Cristo.”
    (Mateus: capítulo 23º, versículo 10.)

    Tarefa de todos nós — a educação.
    Ajusta-se a peça na engrenagem a benefício do conjunto.
    Harmoniza-se a nota musical em prol do poema melódico.
    Submete-se o instrumento ao mister a que se destina.
    O esforço pela educação não pode ser desconsiderado. Todos temos responsabilidades no contexto da vida, nas realizações humanas, nas atividades sociais, membros que somos da Família Universal.
    Ninguém consegue realizar-se isolado.
    Ignorância representa enfermidade carecente de imediata atenção.
    O labor educativo, por isso mesmo, impõe incessantes contribuições, exigindo valiosos investimentos de sacrifício a benefício do conjunto.
    Educa-se sempre, quer se pense fazê-lo ou não.
    Da mesma forma que a imobilidade seria impossível a inércia humana e a indiferença são apenas expressões enfermiças. Mesmo nesses estados criam-se condicionamentos que geram hábitos, educando-se mal, em tais circunstâncias os que se fazem nossos compares.
    A anarquia que distila vapores alucinantes conduzindo à estroinice, fomenta estados de vandalismo educação perniciosa.
    A ordem dispõe à disciplina que promove a equidade, atendendo à justiça — educação edificante.
    A educação, assim examinada, traslada-se dos bancos escolares para todos os campos de atividade, fazendo que todos nos transformemos em educadores, vinculados, sem dúvida, àqueles que se nos transformam em seguidores conscientes ou não, aprendizes conosco dos recursos de que nos fazemos portadores.Jesus, o Educador por Excelência deu-nos o precioso legado vivo da Sua vida que é sublime lição de como ensinar sempre e incessantemente produzindo saúde, harmonia e esperança em volta dos passos.
    E o Espiritismo, que nos concita a incessante exame educativo de atitudes e comportamentos conscientiza-nos sobre a responsabilidade de que, mediante a educação correta, chegaremos ao fanal da caridade perfeita.

    FRANCO, Divaldo Pereira. Convites da Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.
    FORMATAÇÃO E PESQUISA: MILTER - 05/02/2017

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  2. CONVITE À EDUCAÇÃO
    “Porque só um é vosso Mestre, o Cristo.”
    (Mateus: capítulo 23º, versículo 10.)

    Tarefa de todos nós — a educação.
    Ajusta-se a peça na engrenagem a benefício do conjunto.
    Harmoniza-se a nota musical em prol do poema melódico.
    Submete-se o instrumento ao mister a que se destina.
    O esforço pela educação não pode ser desconsiderado. Todos temos responsabilidades no contexto da vida, nas realizações humanas, nas atividades sociais, membros que somos da Família Universal.
    Ninguém consegue realizar-se isolado.
    Ignorância representa enfermidade carecente de imediata atenção.
    O labor educativo, por isso mesmo, impõe incessantes contribuições, exigindo valiosos investimentos de sacrifício a benefício do conjunto.
    Educa-se sempre, quer se pense fazê-lo ou não.
    Da mesma forma que a imobilidade seria impossível a inércia humana e a indiferença são apenas expressões enfermiças. Mesmo nesses estados criam-se condicionamentos que geram hábitos, educando-se mal, em tais circunstâncias os que se fazem nossos compares.
    A anarquia que distila vapores alucinantes conduzindo à estroinice, fomenta estados de vandalismo educação perniciosa.
    A ordem dispõe à disciplina que promove a equidade, atendendo à justiça — educação edificante.
    A educação, assim examinada, traslada-se dos bancos escolares para todos os campos de atividade, fazendo que todos nos transformemos em educadores, vinculados, sem dúvida, àqueles que se nos transformam em seguidores conscientes ou não, aprendizes conosco dos recursos de que nos fazemos portadores.Jesus, o Educador por Excelência deu-nos o precioso legado vivo da Sua vida que é sublime lição de como ensinar sempre e incessantemente produzindo saúde, harmonia e esperança em volta dos passos.
    E o Espiritismo, que nos concita a incessante exame educativo de atitudes e comportamentos conscientiza-nos sobre a responsabilidade de que, mediante a educação correta, chegaremos ao fanal da caridade perfeita.

    FRANCO, Divaldo Pereira. Convites da Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.
    FORMATAÇÃO E PESQUISA: MILTER - 05/02/2017

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